O mercado de trabalho é multigeracional. Precisa se tornar intergeracional

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    Marco Antonio Vieira Souto

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Se tem uma tendência que está presente nos relatórios dos últimos 5 anos, com certeza, é o envelhecimento da população mundial. Como toda tendência, é lastreada no que já é visível e indica o cenário à frente. Neste caso, um cenário de oportunidades e desafios. Ambos gigantes.

E é uma conversa inevitável e cada dia mais presente na vida de todos nós.

“Os trabalhadores na faixa etária dos 50 ocupavam 12,6% das vagas em 2006. O percentual subiu para 19,1% em 2021. A participação desse grupo no estoque de emprego formal cresceu 51,6% nessa década e meia”, revela a pesquisa do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), a partir de dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS).

A matéria do Correio Braziliense, de Tainá Andrade, confirma o que o Censo 2022 nos trouxe: o Brasil está envelhecendo. Aliás, como o mundo todo, em velocidades e dimensões distintas.

A população idosa com 60 anos ou mais de idade, em 2022, chegou a 32.113.490 (15,6%), um aumento de 56,0% em relação a 2010, quando era de 20.590.597 (10,8%).

Pergunta imediata

A pergunta é: estamos preparados para termos mais pessoas com mais idade ativas e participantes tanto dos ambientes sociais, quanto, e especialmente, do mercado de trabalho?

Acredito que não.

Em alguns segmentos, e o mercado B2B, é um deles, mesmo que o segmento de decisão seja mais velho, o mercado é mais jovem.

O quanto a presença de diversas gerações no mesmo ambiente de trabalho é geradora de valor, carece ainda de estudos mais profundos.

O que temos, e por correlação, podemos afirmar é que as empresas com equipes mais diversas, nas quais diversidade é estruturante, vem obtendo resultados mais significativos.

Estudo

Estudo feito pelo Instituto Identidades do Brasil (IDBR) evidenciou os impactos da diversidade no mercado de trabalho. Os dados apontam que para cada 10% de aumento na diversidade étnico-racial, acontece um salto de quase 4% na produtividade das empresas. Além disso, para cada 10% de elevação da diversidade de gênero, verificou-se o acréscimo de aproximadamente 5% na produtividade dessas organizações, segundo matéria da Bússola, de março deste ano.

No caso da vertical idade, a situação ainda não é tão clara quanto outras verticais como gênero e raça.

O responsável é o idadismo, ou etarismo, preconceito em relação à idade, que tanto ocorre da pessoa mais nova em relação à pessoa mais velha, quanto no caminho inverso, que consolida silos que não conversam e processos de exclusão implícitos e explícitos.

Quem nunca ouviu frases como: “ele devia ir pra casa, está ultrapassado” ou “está começando hoje, não sabe de nada, não viveu nada.”?

Idadismo na veia que evidencia ambientes até multigeracionais, mas não intergeracionais

A nuance de um termo para outro se dá exatamente pela capacidade no segundo de formar, de fato, equipes, nas quais a soma das gerações é geradora de valor.

No ambiente B2B, com o uso cada vez mais intenso de tecnologia e com a velocidade de inovação exponencial, o uso, a aprendizagem pela prática cotidiana, de maneira quase intuitiva, nem sempre faz parte das capacidades das gerações mais velhas.

Problema insolúvel?

Com certeza, não.

Life long learning é um dos caminhos mais adotados ao redor do mundo. E aqui a ressalva é para o entendimento da andragogia, muito bem descrito no livro Life Long Learners, do Conrado Schlochauer.

Aprendizado na vida adulta difere, e muito, do aprendizado em tempo escolar. É preciso aplicar para que haja de fato aquisição de conhecimento.

Outro caminho que temos colocado em prática no grupo Dreamers são dinâmicas de trocas de histórias ao início de trabalhos com equipes de diversas gerações, origens, vivências.

A troca de histórias abre espaço para histórias comuns que conseguem quebrar os silos e trazer mais riqueza nas hipóteses e efetividade nas soluções.

Como lembrança final: não basta não ser idadista. Temos, todos, que ser anti-idadistas.

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Este artigo foi escrito por

Marco Antonio Vieira Souto
Formado em Propaganda pela UFRJ, iniciou carreira na Salles, como redator. Dali foi para o Marketing da Souza Cruz. Retornou à Salles na área de atendimento. Em 86, vai para a DPZ de onde sai em 1999 para sua consultoria – Vieira Souto Comunicação – até ser chamado para a Artplan em 2007 para ser Diretor de Planejamento. Depois de se tornar VP de planejamento e na sequência CEO da Artplan Rio, em 2010 virou Head de estratégia do grupo Dreamers. Em mais de 40 anos, trabalhou com quase todas as categorias de produtos e serviços e com o terceiro setor. É ativista da causa do idadismo. É conselheiro no movimento Atualiza, na Escola de Gente e no planeta.com e mentor nas plataformas Top2You, no grupo Dreamers e para profissionais interessados em liderança, idadismo, gestão e planejamento .